As estratégias de melhora de estilo de vida para prevenir e tratar o diabetes mellitus já são amplamente conhecidas e basicamente focam em atividade física, cuidados com uma alimentação limpa, sem açúcar adicionado ou alimentos processados e o controle do peso. Evidências recentes mostram que outros fatores podem contribuir para o descontrole glicêmico.
A exposição crônica a substâncias tóxicas ambientais está associada à disfunção metabólica e à resistência à insulina. Vários mecanismos estão em jogo, incluindo: aumento da inflamação, aumento do estresse oxidativo, lesão mitocondrial e comprometimento da regulação do apetite central (Hyman, 2007).
Os produtos químicos que geram maior preocupação são os compostos disruptores endócrinos que interferem na sinalização hormonal em múltiplos níveis (síntese, transporte, ligação, eliminação) e incluem produtos químicos como o Bisfenol A, Ftalatos e Poluentes Orgânicos Persistentes.
O bisfenol A é um petroquímico comumente usado para produzir o revestimento plástico de recipientes para alimentos e bebidas. O produto se espalha com o tempo, especialmente com o aquecimento ou o uso repetido de recipientes.
Um estudo publicado no JAMA encontrou um risco aumentado de 39% de diabetes com cada aumento de desvio padrão na concentração de BPA na urina (Lang, 2008).
Os ftalatos são encontrados em embalagens (plásticos flexíveis) de alimentos, bem como cosméticos e perfumes. A exposição aos ftalatos cresceu rapidamente nas últimas décadas, com mais de 75% dos americanos apresentando concentrações detectáveis na urina (Hauser, 2005).
Poluentes orgânicos persistentes são compostos encontrados em produtos químicos industriais e inseticidas. Eles tendem a resistir à biodegradação e são altamente solúveis em gordura. A exposição humana ocorre principalmente a partir de alimentos contaminados, como resultado da bioacumulação na cadeia alimentar. A análise dos dados do NHANES de 1999-2002 constatou um aumento de 38 vezes na prevalência de diabetes entre aqueles com o maior nível de exposição a POP (> 90º percentil) do que aqueles com menor nível de exposição (<25º percentil) (Lee, 2006).
O arsênico é encontrado principalmente em água potável contaminada pelo solo e rochas. In vitro, o arsênico mostrou diminuir a secreção de insulina estimulada pela glicose (Sargis, 2014). Em comparação com os não-diabéticos, descobriu-se que os diabéticos têm mais de 25% de níveis mais elevados de arsénio urinário (Navas-Acien, 2008).
Para evitar essas contaminações crônicas, é preciso estar ciente não só do tipo de alimento e água que se consome, mas de todo o processo de manufaturação e embalagem.
Essa consciência de consumo faz parte da abordagem geral em Medicina Funcional.
Não é uma tarefa fácil, mas podemos começar com a redução do uso de plástico em geral, trocar a garrafinha de água do dia-a-dia por vidro ou de material livre de BPA e observar o armazenamento de alimentos (sempre preferir vidro).
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